terça-feira, 13 de maio de 2014

A VOLTA DO MARACATU TURBINADO DA NAÇÃO ZUMBI

A volta da maior banda do movimento manguebeat, lota dois dias de shows no Circo Voador, na Lapa (RJ).


Por Gustavo Torres.


       Difícil acreditar que depois de 20 anos do lançamento do álbum "Da Lama Ao Caos", uma banda continue sendo tão importante sem seu maior mentor e criador, Chico Science. Mas de fato, isso é possível e comprovadamente registrado em dois dias de shows espetaculares no Circo Voador, na Lapa, no Rio de Janeiro. O lançamento do novo álbum, o homônimo "Nação Zumbi" (lançado pela Natura Musical e pelo selo Slap, da Som Livre), comprova que Jorge Du Peixe (vocais,sintetizadores), Lúcio Maia (guitarra e vocal), Dengue (baixo e vocal), Pupillo (bateria), Toca Ogan (percussão), Gilmar Bola 8 (percussão) e Gustavo Da Lua (músico contratado também na percussão), tem gás de sobra pra sacudir novamente um cenário atual não muito rico do rock nacional.
   
    A banda já entrando no palco com o time ganho, tocou a nova "Foi de Amor", com pegada eletrizante e de letra que fala do poder do amor. Daí pra frente seguiu uma série de grandes sucessos e algumas outras novas, já na boca dos fãs, como "Bala Perdida", com a guitarra rasgada de Lúcio Maia fazendo a base para a letra  de Jorge Du Peixe, que narra uma conversa de uma "quase vítima" de uma bala perdida, que consegue se livrar da morte, se indagando, pois ela quase o levou, mas na verdade ela estaria pra  "se esconder em um outro alguém". 



Estreia de inéditas agradou ao público fiel da banda, a Nação Zumbi aponta para o futuro.



Jorge Du Peixe e Lúcio Maia. Ao fundo, a percussão de Toca Ogan.



    A Nação Zumbi completa 20 anos de estrada esse ano, e o setlist nos dois dias, tiveram mais músicas da segunda fase da banda,  já sem o genial, Chico Science. Nem por isso, a banda deixou de fora clássicos do primeiro álbum, músicas como "Da Lama Ao Caos" (faixa-título do primeiro álbum da banda) e "Rios, Pontes e Overdrives" (essa com coro de mangueee em uníssono).
Das canções do segundo álbum, "Afrociberdelia"(1996), tocaram "Etnia", "Manguetown" e "Cidadão do Mundo", que emocionou boa parte do público, com direitos a pulos sincronizados dos fãs. Da segunda fase da banda, se destacaram as pedradas e ótimas "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada" levando o Circo Voador abaixo, "Quando A Maré Encher" (já tradicional nos shows da banda), além de 
"Hoje, Amanhã e Depois" do "Futura" (2005) e "Blunt Of Judah" do "NZ" (2002). Essas últimas,  certeiras para um show de reencontro com seu público. Do álbum "Fome de Tudo", de 2007, tivemos o hit "Bossa Nostra", e a muito bem executada, "No Olimpo", que podemos conferir um pouco no vídeo abaixo:




    No meio do show, teve espaço para a dançante e irresistível "Defeito Perfeito", apresentada primeiramente no show da NZ no Lollapalooza deste ano, em São Paulo."Cicatriz", primeiro single do novo álbum e também tocada no show, diz sobre "as cicatrizes" que Chico Science deixou aos remanescentes do grupo quando se foi desse mundo infelizmente em um acidente de carro, em Olinda, no ano de 1997. Muitos fãs pareciam entender a mensagem da letra no show, dando uma sensação de amplitude na palavra "cicatriz". Mostra-se mais uma vez a força que Jorge Du Peixe tem nas novas composições, fazendo uma poesia que se encaixa perfeitamente com a sonoridade da banda. 


A nave pernambucana aterrisa no Circo Voador (10/05/14).

   Na entrada do Circo Voador, muito se falava entre os fãs que a cantora Marisa Monte (que faz uma participação no álbum novo, na faixa "A Melhor Hora da Praia") talvez aparece-se de surpresa no palco, mas não foi dessa vez. De celebridades no sábado, tinham as ótimas aparições misturadas ao público de Bi Ribeiro (Os Paralamas do Sucesso), BNegão e Formigão (ambos do Planet Hemp) e Kassin, um dos produtores do novo álbum da Nação Zumbi.

O show que durou cerca de uma hora e meia, deixou um gosto de quero mais aos mangueboys e manguegirls que deixaram a Lapa felizes e ansiosos para mais vindas da banda ao Rio depois de um jejum de sete anos sem um disco de inéditas.
 "Xila relê domilindró", já dizia Chico!

COTAÇÃO DO BLOG: *****(Ótimo)


Um comentário:

  1. Descreveu perfeitamente uma noite perfeita!!! Parabéns brother Gus Torres!!!

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