domingo, 28 de setembro de 2014

“1994 – 2014”: 20 ANOS DE GRANDES ÁLBUNS NA MÚSICA MUNDIAL


Por Gustavo Torres

 Com a morte do líder do Nirvana, Kurt Cobain, em 1994, grandes álbuns lançados neste mesmo ano foram um pouco ofuscados na época pela tragédia do suicídio do mentor do movimento chamado pela imprensa de grunge. No Brasil, neste mesmo ano, perderíamos o nosso maior maestro, o compositor Antônio Carlos Jobim. Passados 20 anos, muitos críticos de diversas revistas especializadas de música no mundo, hoje, têm feito diversas listas e recomendações dos álbuns de 1994.

 Torres de Som listou 20 clássicos, deixando obviamente sempre, o leitor concordar ou discordar.  Deixe sua opinião, afinal de contas, o que importa é a música. 


                              “SUPERUNKNOW” – SOUNDGARDEN (lançado em março de 1994)


                                               

                 
    Os veteranos de Seattle lançam sua obra-prima em 1994 trazendo os hits “Spoonman”, “The Day I Tried To Live”, “Fell On Black Days” e o carro-chefe do álbum, “Black Hole Sun”. Todas essas canções deixaram o mundo do rock catártico com tamanha qualidade das letras de Chris Cornell além do perfeccionismo da banda em todas as faixas do álbum (ouça o solo de guitarra de Kim Thayil em “Like Suicide”). Misturando as influências diretas de Led Zeppelin e Black Sabbath com uma calejada estrada da banda (desde 1984), a disciplina do Soundgarden neste álbum rendeu uma estreia no 1° lugar na Billboard, venda de 8 milhões de cópias e dois prêmios Grammy no ano seguinte de seu lançamento.
Principais faixas: "Black Hole Sun", "Feel On Black Days", "The Day I Tried To Live", "Spoonman" e "Like Suicide".





“DA LAMA AO CAOS” – CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI (lançado em abril de 1994)





     O movimento chamado manguebeat começou a partir da ideia do “Manifesto do Mangue”, escrito por Fred 04 (poeta e líder) da banda pernambucana Mundo Livre S/A. Mas foi com Chico Science e a Nação Zumbi que a ideia dos “caranguejos com cérebro” se consolidou nesse clássico álbum. Experimentações de rock, maracatu, hip hop e psicodelia unidas com letras rápidas e geniais de Chico Science, os chamados mangueboys puderam fincar uma antena na lama eternamente para que o mundo enxergasse o Brasil como ele era (vide as letras de protesto que permeiam todo o álbum), além da qualidade inesgotável dos artistas de Pernambuco que fazem sucesso até hoje, mesmo sem a presença de Chico, vítima de um acidente de carro em 1997.
Principais faixas: “Da Lama Ao Caos”, “A Cidade”, “Samba Makossa”, “Praieira”,  “Banditismo Por Uma Questão de Classe” e "Rios, Pontes e Overdrives". 





 “JAR OF FLIES” – ALICE IN CHAINS (lançado em janeiro de 1994)




   Com o EP "Jar Of Flies, a banda Alice In Chains trouxe uma ideia inovadora no movimento grunge de Seattle: se antes os álbuns das bandas eram repletos de guitarras sujas e peso, com essa obra a banda pode mostrar belíssimas canções com letras mais poéticas e sentimentais com uma sonoridade predominantemente acústica. Com apenas sete faixas, este EP chegou ao primeiro lugar da Billboard nos EUA, vendendo 4 milhões de cópias. A partir daí, canções como “No Excuses” (com a ótima dupla Layne Staley e Jerry Cantrell dividindo os vocais), “Nutshell” e “I Stay Away” tornaram-se obrigatórias nos shows da banda.
Principais faixas: "No Excuses", "I Stay Away", "Nutshell" e "Don't Follow".







“RAIMUNDOS” – RAIMUNDOS (lançado em maio de 1994)



                         
     O selo Bangela Records (selo alternativo da gravadora Warner) foi lançado em 1994 com a liderança dos Titãs e de Carlos Eduardo Miranda para revelar novas bandas no cenário musical brasileiro. Diversas bandas começaram a sair do underground musical através da parceria deste selo alternativo com uma major. Foi aí que a banda Raimundos apareceu com sua mistura de forró com hardcore, criando o forrocore. Este álbum representa o DNA da geração 90 ao lado de “Da Lama Ao Caos” do Chico Science & Nação Zumbi. A irreverência foi devolvida aos fãs do rock brasileiro, já necessitada desde a última grande fase da banda paulista Ultrage A Rigor, influência direta nas letras escrachadas dos Raimundos.
Principais faixas: “Selim”, “Puteiro Em João Pessoa”, “Nêga Jurema”,  “Palhas Do Coqueiro” e “Bê a Bá”.



                                     “DOOKIE” – GREEN DAY (lançado em fevereiro de 1994)


    Depois de lançados dois álbuns sem muita atenção no mundo do rock: “39/Smooth” de 1990 e “Kerplunk” de 1992, o Green Day finalmente estourou nas paradas com um álbum criativo, divertido e acima de tudo, que trazia o chamado new punk na década de 1990. Se enquanto as bandas Rancid, NOFX, Bad Religion andavam surfando pelo underground californiano, o trio de Bilie Joe Armstrong provou que poderia ser pop sem deixar a atitude punk de lado. Músicas como “Basketcase” e “Longview” tiveram seus videoclipes sendo passados pela MTV no mundo todo à exaustão. O álbum chegou a primeira posição da parada da Billboard e ainda faturou um Grammy de “Melhor Álbum de Música Alternativa”. Muitos protestaram sobre o Green Day assinar com uma grande gravadora, a Warner, mas de fato, “Dookie” abriu caminho para que milhares de garotos pegassem seus instrumentos musicais e fizessem barulho.
Principais faixas: “BasketCase”, “Welcome To Paradise”, “She” e “Longview”.




“VERDE ANIL AMARELO COR DE ROSA E CARVÃO”–
MARISA MONTE (lançado em 1994)





      Em seu terceiro álbum de carreira a cantora pôde contar com diversos amigos nas parcerias das canções: Nando Reis, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes são as principais cabeças que moldaram essa obra-prima da cantora (uma das melhores ou talvez a melhor cantora de sua geração). Além dos já citados, Gilberto Gil participa do álbum, emprestando seu violão na excelente versão de “Balança Pema”, de Jorge Benjor. “Pale Blue Eyes” de Lou Reed ganha uma versão serena e extraordinária. Como se não bastasse, o videoclipe com ar cinematográfico da canção “Segue O Seco” ganha todos os prêmios da MTV brasileira e põe Marisa Monte no status glorificado de musa da MPB. Depois desse álbum diversas cantoras surgiram no país, e para a maioria delas, “Verde Anil Amarelo Cor De Rosa e Carvão” é citado praticamente por todas como fonte de inspiração para qualquer seguimento musical.

Principais faixas: “Segue O Seco”, Ao Meu Redor”, “Na Estrada” e “Alta Noite”.




“DEFINITELY MAYBE” – OASIS (lançado em agosto de 1994)



Com a dominação das bandas americanas graças ao movimento grunge de Seattle,a Inglaterra estava em um momento delicado no quesito ‘bandas de rock’. O álbum “Screamadelica” do Primal Scream (lançado em 1991) era um dos últimos álbuns do britrock a causar determinado impacto no mundo. As coisas começaram a mudar quando dois irmãos se juntaram e montaram aquela que seria (por muitos) a maior banda de rock da Inglaterra na década. “Definitely Maybe” mostrou ao mundo como os ruídos do rock de garagem podiam ser misturados com o melhor da melodia criada pelos Beatles. Músicas como “Rock Ñ Roll Star”, “Supersonic” e “Live Forever”, catapultaram a banda dos irmãos Gallagher ao estrelato mundial e faria um esboço para que os próprios aperfeiçoassem seus talentos fazendo posteriormente sua obra-prima, “Whats The Story (Morning Glory)?”,em 1995.
Principais faixas: "Supersonic", "Rock Ñ Roll Star", Live Forever" e "Cigarretes And Alcohol".


                                        “THE DIVISION BELL” – PINK FLOYD (lançado em abril de 1994)



     Apesar de ser considerado um dos álbuns menos atraentes do Pink Floyd, “The Division Bell” foi ganhando respeito no decorrer dos anos. David Gilmour (guitarra e voz, além de líder da banda após a saída de Roger Waters ainda nos anos 1980) e Richard Wright (tecladista, e falecido em decorrência de um câncer em 2008) fizeram a grande dupla nas composições deste álbum, que ainda teria a esposa de Gilmour, Polly Samson, como colaboradora de algumas letras. Faixas como “High Hopes” e “Keep Talking” dizem muito sobre o conceito do disco: isolamento, conflitos e autodefesa. Este era o último álbum de estúdio da maior banda de rock progressivo do mundo, até recentemente divulgar o lançamento de mais um álbum de inéditas para novembro de 2014. Intitulado de “The Endless River”, o álbum nada mais é do que canções instrumentais tiradas das gravações do “The Division Bell”. David Gilmour e Polly disseram à imprensa que o novo álbum é uma maneira de homenagear Richard Wright, pois a maior parte das melodias das canções foram compostas por ele. A questão agora é saber se o Pink Floyd sairá em turnê daqui pra frente com os sobreviventes David Gilmour e Nick Mason (bateria), e claro, sem Roger Waters.
Principais faixas: “High Hopes”, “Take It Back”, “Keep Talking”.




“O RAPPA” – O RAPPA (lançado em maio de 1994)


  O ano de 1994 foi muito produtivo para o surgimento de bandas que se tornariam grandes no cenário musical brasileiro. Neste ano, a banda da Baixada Fluminense, Cidade Negra lançara “Sobre Todas As Forças” e estava tocando em todas as rádios com o hit “Onde Você Mora?”, composto por Marisa Monte e Nando Reis. Já os mineiros do Skank emplacariam um clip atrás do outro na MTV Brasil com seu segundo álbum “Calango”, vendendo mais de um milhão de cópias. Quando a banda O Rappa surgiu com seu primeiro álbum, houve a nítida diferenciação do que a banda propunha com seu dub reggae, se distanciando das outras duas bandas citadas. Logo na primeira faixa, “Catequeses do Medo”, percebe-se a fórmula genial da letra de Marcelo Yuka com a voz de Marcelo Falcão e a guitarra de Xandão dando um murro nos ouvidos pela qualidade lírica e musical que dali pra frente se apresentaria em todo o álbum e até mesmo na carreira da banda. Considerado por muitos fãs do Rappa como o melhor disco ao lado de “Lado B Lado A” de 1999, “O Rappa” pode lembrar em música o que tínhamos esquecido no dia a dia: no Brasil há desigualdade social.

Principais faixas: “Catequeses do Medo”, “Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro”, “Brixton, Bronx ou Baixada”, “Candidato Caô Caô” (Bezerra da Silva).




                                       “SMASH” – THE OFFSPRING (lançado em abril de 1994)



   Se o Green Day conseguiu levar o punk californiano ao mainstream com seu álbum “Dookie”, o The Offspring conseguiu entrar para o livro dos recordes com seu álbum “Smash”, como o disco independente que mais vendeu na história da música batendo “Pretty Hate Machine” do Nine Inch Nails de 1989. Lançado pelo selo independente Epitaph Records, o álbum tem “Come Out And Play”, “Self Esteem” e “Gotta Get Away”,músicas essas que levaram os punks a saírem de clubes pequenos nos EUA e levá-los a assistir a banda em estádios gigantescos. “Smash” do The Offspring e “Dookie” do Green Day foram definitivamente os álbuns que alavancaram o punk californiano a um status mais comercial, seja para o bem ou para o mal de quem aprecia este estilo musical.
Principais faixas: “Self Esteem”, “Come Out And Play”, “Gotta Get Away” e “Smash”.

     


                        “THE DOWNWARD SPIRAL” – NINE INCH NAILS (lançado em março de 1994)
        


  O álbum “The Downward Spiral” do Nine Inch Nails foi um marco para o rock industrial e mundial pelo simples fato de reunir a fúria com a melodia suave em doses quase que perfeitas. Soturno até a última faixa, (a junkie e apocalíptica “Hurt”), Trent Reznor, líder do NIN pôde fazer seu laboratório de ideias na ex-mansão do assassino Charles Manson, em Columbine, para segundo ele, ter a atmosfera do que pretendia por no álbum: religião,caos, poder, política, depressão, abandono, sexo e violência, fazendo com que o ouvinte desça literalmente em uma 'espiral descendente'. O peso das guitarras sujas e os sussurros de suplício como no hit “Closer” fizeram estrondo e o álbum chegou na primeira posição na Billboard vendendo cerca de 5 milhões de cópias. “The Downward Spiral” aparece na maioria das listas de álbum recomendados pela crítica em todo mundo, reconhecendo que a tarefa de Reznor e sua banda não foi nada fácil: exorcizar os demônios do mundo através da música.
Principais faixas: “Closer”, “March Of The Pigs”, “Reptile” e “Hurt”.  





“SAMBA ESQUEMA NOISE” – MUNDO LIVRE S/A (lançado em junho de 1994)



  Ao lado de Chico Science & Nação Zumbi, a banda Mundo Livre S/A pode consolidar o movimento 'manguebeat' como o último grande movimento cultural do Brasil. No seu primeiro álbum , “Samba Esquema Noise”, o líder Fred 04 pode mesclar o samba de Jorge Benjor e rock psicodélico  sem deixar de lado a  malandragem brasileira, fazendo um dos álbuns mais inventivos da década. Se “Da Lama Ao Caos” de Chico Science & Nação Zumbi é um álbum que contém letras sobre questões sociais misturadas com ritmos pesados, “Samba Esquema Noise” do Mundo Livre S/A também tem isso, mas com um ingrediente a mais: a ironia. Também lançado pelo selo independente da Warner, o Banguela Records, o álbum chamou a atenção de universitários paulistas e cariocas colocando a banda no patamar de bandas mais queridas no cenário indie brasileiro. Músicas como “Livre Iniciativa” e “Bola do Jogo” são exemplos de como se pode tirar um sarro de problemas que o trabalhador brasileiro enfrenta. Vale lembrar que na época o governo estava implementando o “Plano Real” e muitas pessoas ainda se perguntavam se tudo isso daria certo.
Principais faixas: “Livre Iniciativa”, “Bola do Jogo”, “Terra Escura” e “Musa da Ilha Grande”.


“MELLOW GOLD” – BECK (lançado em março de 1994)



Beck Hansen, ou somente Beck, lançou seu terceiro álbum, “Mellow Gold” por uma grande gravadora, a Geffen Records, do empresário David Geffen, a mesma do Nirvana após o power trio sair do underground da gravadora Sub Pop, em Seattle. Por ironia do destino a canção que emplacou neste álbum de Beck tem o título de “Loser” ("Perdedor"). Tal letra sintetizava bem o ritmo que os adolescentes dos EUA tinham. Festas, drogas, alienação, enfim, o refrão que é repetido como um mantra: “Soy un perdedor/I’m loser baby, so why don’t to kill me?" ecoou na geração “teen spirit” do grunge e serviu para que Beck integrasse na classe do chamado rock alternativo estadunidense. Elogiado praticamente por toda a crítica musical, “Mellow Gold” vendeu cerca de dois milhões de cópias. Outra canção que se destacou no álbum foi “Pay No Mind” com bom alcance nas rádios. Depois desse álbum - que serviu como um cartão de visita para o mundo - a criatividade do artista chegaria ao ápice dois anos depois, com sua obra-prima “Odelay”, de 1996.
Principais faixas: “Loser”, “Pay No Mind” e “Beercan”.




“PROTECTION” – MASSIVE ATTACK (lançado em setembro de 1994)


   O estilo musical Trip Hop criado em Bristol (Inglaterra) praticamente pelo Massive Attack ganhava espaço além do Reino Unido no início da década, e este álbum foi a afirmação disso. Com participações da cantora do Everything But the Girl, Tracey Thorn e do cantor jamaicano Horace Andy (que fez participações em praticamente todos os álbuns do Massive Attack), “Protection” foi levado a uma sonoridade única, vezes pop, vezes soturna, e com os loops e sintetizadores da dupla 3D “Robert Del Naja” e Daddy G “Grant Marshall” acompanhados pela estranheza e originalidade de Tricky nos vocais na canção “Karmacoma”, todos esses responsáveis por esta nave musical.
As canções ficaram em primeiros lugares de quase todas as rádios inglesas e os americanos ficaram com uma curiosidade a mais pelo som de Bristol graças a este álbum.
Principais faixas: “Protection”, “Karmacoma”,   “Weather Storm” e a versão ao vivo de “Light My Fire” do The Doors na voz de Horace Andy.




“III COMUNICATION” – BEASTIE BOYS



  Os Beastie Boys tiveram a grande ideia de fazer de seu terceiro álbum algo vibrante e inovador. A canção “Sabotage” é um exemplo disso, mostrando que um trio de rap pode fazer um rock de extrema qualidade, tanto no som quanto na letra. MCA, Ad-Rock e Mike D fizeram questão de convocar o cineasta Spike Jonze para fazer um dos melhores videoclipes da história da MTV americana, com a banda caracterizada como policiais e gangsters no estilo de filmes da década de 70. Scratches de pick-ups com riffs pegajosos de guitarra permeiam todo o resto do álbum com interrupções de sessões instrumentais dando um clima cada vez mais cool ao disco. “Get It Together” tem um toque de jazz enquanto “Flute Loop” apresenta uma inusitada flauta com scratches. O álbum faturou o 1° lugar da Billboard e vendeu cerca de 4 milhões de cópias. Para muitos, este é o álbum mais comercial e de qualidade da história dos Beastie Boys.
Pincipais faixas: “Sabotage”, “Get It Together”, “Root Down” e “Sure Shot”.




“CASSIA ELLER” – CASSIA ELLER (lançado em março de 1994)



Desiludida com o pouco sucesso na gravadora Polygram depois de dois álbuns, o homônimo“Cássia Eller” e “Marginal”, Cássia Eller quase pediu demissão e parou sua carreira. Após o nascimento de seu filho Chicão, ela resolveu dar uma nova cartada sendo produzida agora por Guto Graça Mello. O que surgiu foi um álbum forte e marcante, principalmente com a versão de uma canção “lado b” de Cazuza e Roberto Frejat, “Malandragem”.  Cássia começara então a deixar sua marca onipresente nas rádios, na MTV e na grande mídia em geral. Com a característica de uma roqueira nata e de voz marcante, logo, o respeito e reconhecimento de colegas de profissão só aumentariam. Outra canção de grande sucesso deste álbum foi “ECT”, parceria de Cássia com Nando Reis (recém-saído dos Titãs).  O rock brasileiro não seria o mesmo depois dela, uma cantora que pegava músicas de outros artistas (de qualquer estilo) e colocava uma identidade própria, fazendo com que qualquer canção parecesse ter sido composta por ela.Principais faixas: “Malandragem”, “Partners”, “ECT”, “1° Julho” e “Na Cadência do Samba”.    



                                        “PARKLIFE” – BLUR (lançado em abril de 1994)


O chamado britpop surgiu no início da década de 90 mostrando a força que bandas como o Oasis e Blur tinham nas paradas britânicas e americanas. “Parklife” é o terceiro álbum da banda e que consolidou o sucesso do grupo. Com canções de letras irônicas e críticas aos ‘bons costumes’, Damon Albarn (vocalista e cérebro do grupo) vai da crítica à juventude na dançante “Girls And Boys”, passando por uma homenagem inusitada a Syd Barret (criador do Pink Floyd) em “Far Out”. Mais tarde, Albarn faria mais discos de sucesso com o Blur até se aventurar pelo seu projeto Gorillaz (primeira banda de desenho animado da história), além de uma carreira solo.“Parklife” foi aclamado pela crítica e público e o Blur se tornou durante anos algoz do Oasis na disputa de queridinhos da Inglaterra. Nessa disputa, obviamente quem ganhava era sempre o ouvinte com álbuns cada vez melhores de ambas as bandas.  Principais faixas: “Girls And Boys”, “End Of A Century”, “Parklife” e “To the End”.



                              “DUMMY” – PORTISHEAD (lançado em outubro de 1994) 
         


    Além do Massive Attack outra banda que ajudou a consolidar o trip hop no mundo com certeza foi o Portishead com seu álbum de estreia, "Dummy". A banda também surgida de Bristol e formada a partir de conversas dos integrantes em plena fila de desempregados na cidade, mostrou qualidade e sofisticação logo na primeira faixa, “Glory Box”. A voz da cantora Beth Gibbons se encaixa perfeitamente a sonoridade da banda, ao ponto de levar o ouvinte a um estágio claustrofóbico até a última faixa. “Sour Times” tem um clima de um filme noir envolto de uma letra sobre descrença. “Dummy” foi eleito o melhor álbum no Mercury Music Prize de 1995, premiação que elege os melhores álbuns do ano do Reino Unido e Irlanda.Principais faixas: “Glory Box”, “Sour Times”, “Numb” e “Strangers”.



                                       “RACIONAIS MC’S” – RACIONAIS MC’s (lançado em 1994)
    


A maior banda de rap brasileira teve nessa coletânea lançada pelo selo Zimbabwe um apanhado de grandes sucessos conhecidos desde então das periferias e dos guetos brasileiros sendo levados a um novo patamar. A notoriedade e importância de Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay só aumentariam a partir daí. Canções como “Fim de Semana No Parque”, “Homem Na Estrada” e “Mano Na Porta do Bar” passaram a tocar tanto nos bailes das periferias quanto nas boates elitizadas da zona norte paulista ou na zona sul carioca. As letras do grupo que sempre abordaram a violência da polícia, o cotidiano do pobre brasileiro em meios às injustiças, e, principalmente o racismo latente no país agora eram ouvidas por uma multidão multifacetada.
Principais faixas: “Fim de Semana No Parque”, “Homem Na Estrada”, “Mano Na Porta Do Bar” e “Pânico Na Zona Sul”.







“MTV UNPLUGGED IN NEW YORK” – NIRVANA (lançado em novembro de 1994)






      O que uma banda já consagrada poderia fazer depois de ter desbancado Michael Jackson do topo das paradas do mundo com seu segundo álbum, “Nevermind”, além de ter um líder que fora escolhido como porta-voz de uma geração de jovens? Pois a MTV americana sabia, e convidou o Nirvana a desplugar seus instrumentos e deixar as microfonias de lado para dar aos ouvintes uma nova maneira de ouvir as composições dramáticas e cheias de lirismo de Kurt Cobain. Lançado em novembro (sete meses depois do catártico suicídio de Cobain), o álbum “MTV Unplugged In New York” foi um sucesso instantâneo pela qualidade e sinceridade que as canções eram executadas por Kurt e cia. Gravado em 1993, o álbum tem uma atmosfera fúnebre, mas com uma sonoridade impecável, fazendo com que as pessoas que não conheciam a banda, passassem a gostar deles apenas por este álbum. O disco estreou em 1° lugar na Billboard e em diversos países no mundo. A versão de “The Man Who Sold The World” de David Bowie foi elogiada pelo próprio autor ao ponto do próprio David se arrepender muito de não ter feito uma parceria musical com  Kurt antes de sua morte. 
Versões das canções dos Vaselines, “Jesus Wants Me For A Sunbeam” e da banda americana Meat Puppets: “Plateau”, “Oh Me” e “Lake Of Fire” foram cantadas por Kurt com tanta emoção que parecia que ele as compunha. Canções do Nirvana tiveram novas identidades como, por exemplo, o hit “About A Girl”, assim como “On A Plain” e a antes barulhenta “Pennyroyal Tea”(essa retirada do último álbum de estúdio da banda, In Utero, de 1993).
O Nirvana conseguiu fazer ampliar seu público com este show e a MTV usou consequentemente este registro como receita de bolo para vários outros acústicos.
Principais faixas: “About A Girl”, “The Man Who Sold The World”, “On A Plain”, “Lake Of Fire”, “All Apologies” e “Where Did You Sleep Last Night”. 

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