domingo, 24 de maio de 2015

FAITH NO MORE REPAGINADO LANÇA "SOL INVICTUS"

Grupo liderado por Mike Patton lança novo álbum após hiato de 18 anos e o blog Torres de Som faz um apanhado da carreira da banda


Por Gustavo Torres


    O Faith No More finalmente está de volta, lançando seu novo álbum "Sol Invictus" no dia 19 de maio desse ano. Mike Patton e cia conseguem fazer de sua nova obra uma volta no tempo. O próprio baixista Bill Gould já tinha declarado à imprensa que a ideia do grupo de São Francisco, na Califórnia, era claramente voltar a sonoridade do 1° álbum quando eles já soavam experimentais, misturando heavy metal, punk, rap e soul.

    No começo a banda se chamava Faith No Man, liderado por Mike 'The Man' Morris que durou entre os anos 1979-1982. O término aconteceu quando o resto do grupo, insatisfeito em estar com Morris preferiu formar uma nova banda ao invés de demiti-lo, esse foi o começo do Faith No More. Diversos vocalistas foram testados nos ensaios do então novo grupo e uma história curiosa nessas experiências foi quando Roddy Buttom (tecladista) pediu a Courtney Love que se retirasse da banda em sua passagem breve nos vocais, pois os mesmos buscavam uma identidade masculina ao FNM.
                                         

                                      Faith No More - "Blood" c/ Courtney Love no vocal

       
                                 

     Finalmente com a entrada de Chuck Mosley o grupo lançaria o seu primeiro álbum , "We Care a Lot", de 1985. Chuck ficaria até pouco depois do segundo álbum, "Introduce Yourself", de 1987. Alguns fãs antigos do grupo ainda gostam mais dessa primeira fase da história da banda, com Chuck de frontman.
    A substituição por Mike Patton em 1989, consolidou a formação que sobrevive até hoje do FNM. O sucesso explosivo de "The Real Thing", de 1989 levou a banda a festivais gigantescos (inclusive a passagem vitoriosa por aqui do grupo no Rock in Rio de 1990), e contava com os poderosos singles "Epic" e "Falling To Pieces", e seus vídeos, não saiam do repeat da programação da MTV.


                                Faith No More - "We Care A Lot" c/ Chuck Mosley no vocal

                                       


                                                Faith No More - "Epic" c/ Mike Patton

                                       
                                         

                                                
                                                  Faith No More - "Falling To Pieces"
                                            
   
                                         

    Abandonando a sonoridade funk metal no seu quarto álbum, "Angel Dust" (1992), estilo esse que outras bandas californianas seguiriam desde sua formação como o Red Hot Chili Peppers e o Jane's Addiction, o FNM surpeendeu público e crítica ao lançar um disco com letras mais mórbidas e sombrias. Com mais autonomia no processo criativo, Mike Patton apontou novas possibilidades ao grupo que já tinha desde o seu início a experimentação como uma de suas virtudes no rock. "Small Victory" foi bem executada nas rádios e a cover do hit "Easy", dos Commodores, caiu nas graças dos fãs. Mesmo que "Angel Dust" não tivera o mesmo sucesso de "The Real Thing", Mile Patton e sua trupe conseguiram mostrar que a banda tinha uma identidade forte e que poderia sim dar um recado desaforado para um mercado cada vez mais comercial, cercado pela força de revistas especializadas e da MTV americana.

                                                      
                                                       Faith No More - "Small Victory"


       


                                                               Faith No More - "Easy"
 

                                                 

    Após anos em turnê e com a saída do guitarrista Jim Martin em 1993, o FNM vivia uma crise interna, principalmente pelo estresse e cansaço de diversos shows e a falta de direção para o lançamento de um álbum novo. Mike Patton lançara o projeto paralelo, Mr. Bungle, em 1991 e a partir de então, o músico sentia toda a liberdade em soltar sua criatividade nas experimentações de outros gêneros musicais, como o jazz, o soul e o eletrônico. Mas graças ao Mr. Bungle, Patton conseguiu o novo guitarrista do Faith No More, Trey Spruance, que tocara com ele no projeto paralelo e que topou o desafio, unindo-se aos seus novos companheiros.
   "King For A Day...Fool For A Lifetime" saiu em 1995, e mais uma vez, mostrou ao mundo o lado 'camaleão' do grupo, com faixas pesadas, "Digging The Grave", e inusitadas, como a ótima balada "Evidence". A banda passou pelo Brasil neste mesmo ano no festival "Monsters Of Rock", em São Paulo, que também contou com as participações de Ozzy Osbourne, Alice Cooper e Megadeth. Tirando os fãs devotos do grupo, o álbum "King For A Day..." não empolgou muito as massas e a turnê chegou a ser cancelada pela metade na Europa.    

                                         
                                                 Faith No More - "Digging The Grave"


   

                                                                                                                   
                                                        Faith No More - "Evidence" 


                                                                                           
                                         

    O FNM começou a se desmembrar com cada integrante fazendo um projeto diferente do outro: enquanto Mike Patton caia de cabeça no gênero avant-garde com seu Mr. Bungle, o baterista Mike Bordin começou a tocar com Ozzy Osbourne e Roddy Bottum formou a banda paralela, Imperial Teen.
    Com rumores do término da banda cada vez mais forte na imprensa, o baixista Billy Gould teve a missão de recrutar mais uma vez um guitarrista, desta vez, John Hudson, a incentivar a produção de mais um álbum.
   "Album Of The Year" sai em 1997 e teve uma recepção fria da mídia e dos fãs da banda, Mike e cia não apresentavam um vigor tão sincero quanto nos álbuns anteriores, pincelando momentos inconstantes e aparente estafa derivado dos projetos paralelos de seus integrantes. Enquanto o mundo se voltava para o declínio do grunge, pós-Nirvana, o Faith No More sairia dos holofotes com um álbum quase que indecifrável. "Last Cup Of Sorrow" foi um dos singles de trabalho e um video clip foi feito. Apesar de um disco não tão aceito a banda continuava algariando mais fãs com seus shows divertidos e competentes, misturando canções de todas as fases da banda.


                                               Faith No More - "Last Cup Of Sorrow"





   O hiato do FNM começou quando os projetos paralelos do grupo se tornaram protagonistas das respectivas vidas de seus integrantes. Somente em 2009, o FNM voltou a fazer apresentações (a primeira no Brixton Academy, em Londres) passando mais uma vez pelo Brasil no mesmo ano nas cidades de Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em 2011, foram escalados para a segunda edição do festival SWU em Paulínia, em São Paulo quando apresentaram a canção então inédita, "Matador", que veio a entrar no novo álbum "Sol Invictus". Com esse sinal, a banda começava a ganhar uma sobrevida após longas tempestades em sua trajetória.  Um tweet no perfil oficial da banda formou um mistério com a mensagem: "A reunião havia sido ótima, porém é chegado o tempo de sermos mais criativos". Tudo não passou de uma jogada criativa para o lançamento, após alguns meses, do novo single, "Motherfucker". Na sequencia, lançaram "Superhero", fazendo uma tríade para o lançamento de um novo álbum e agendamento de mais shows, simbolizando um retorno próximo do grupo.

   "Sol Invictus" chega trazendo aos fãs do Faith No More tudo aquilo que se espera deles: sonoridade crua com elementos eletrônicos, pouco de funk metal, mesclando a primeira fase da banda (meados de 1980) assim como as experimentações de "Angel Dust". O som do piano da faixa-título, "Sol Invictus", com a voz sussurrante de Patton, em plena força vocal, demonstra a estranheza sonora típica que o FNM curte em fazer. "Superhero" mostra um rock pesado misturado com um piano que parece que saiu de alguma banda de rock progressivo. "Sunny Side Up" lembra um pouco o peso de "Digging The Grave", mas soando mais atual , passeando pelo nu metal, tão conhecido por bandas que foram influenciadas pelo Faith No More, como Korn e Limp Bizkit. "Separation Anxiety" lembra as estranhezas do projeto de Patton, o Mr. Bungle, que junta um acorde pesado interrupto de guitarra, explodindo em um refrão de gritaria e sussurros. Lançado de forma independente, mas com registros no Soundcloud, Rdio e Spotify, "Sol Invictus" tem distribuição no Brasil pelo selo Voice Music, e sela de uma vez por todas a volta de uma banda importante para o cenário do rock , que tem novas datas marcadas de shows pelo Brasil, em São Paulo, no Espaço das Américas e no Rio de Janeiro, no Rock in Rio, comemorando a segunda passagem da banda pelo festival.


                                        Capa do novo álbum do Faith No More - "Sol Invictus"
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário